ASSUNTO DELICADO
Muito interessante, num
consultório pediátrico com escuta, é o laço de confiança que estabelecemos com
as crianças. Com muita freqüência, após elas se abrirem e conseguirem falar sobre
seus dramas pessoais, principalmente se for assunto difícil, “não falável”,
elas ficam agradecidas. Hoje tive uma experiência assim, com um garoto de 8 anos, que
carrega mágoas com o pai e diz que seu amor por ele é menor do que a raiva
que sente dele. Sugeri que ele tivesse
uma conversa educada com o pai, mas que tentasse de alguma maneira, dizer isto a ele. Ao sair,
mandou me chamar lá fora, porque tinha escrito algo num quadro para mim e era
assim: " _Simonete, obrigado. Parabéns."
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SONHO INCLUINDO A RELAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA
SONHO INCLUINDO A RELAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA
Outra criança, de 9 anos me incluiu em
seus sonhos. Eu apareço para ajudá-la numa difícil situação, para conferir se
ela estava respirando bem quando sua casa pegava fogo e ela e o irmão eram
socorridos.
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Bom mesmo é quando a criança pede para ir ao consultório porque precisa conversar comigo sobre alguma angústia. Vivi uma situação destas com um garoto de 5 anos que insistiu muito para que os pais o levassem para uma consulta. Conversei muito com os pais e com ele, na ausência dos pais, e ainda não havia ficado claro para mim qual era a sua verdadeira intenção de estar comigo. Eu imaginava que ele queria me transmitir algo para que eu transmitisse a seus pais. Na hora que estavam indo embora, parou numa mesinha de desenho e me chamou, dizendo:-" Olha, a borboleta está muito presa. Pede os pais dela para deixarem ela ficar mais solta".
FALA DE UMA CRIANÇA
DE 2 ANOS
ESCUTEM o que falou uma
criança de 2 anos sobre o que eu era para ele:
- Ela é minha médica, né mamãe? Médica do meu ouvido de falar!!!!!
- Ela é minha médica, né mamãe? Médica do meu ouvido de falar!!!!!
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CRIANÇA PEDINDO PARA IR AO MÉDICO
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BARCO SEM CAPITÃO
BARCO SEM CAPITÃO
Outra menina de 3 anos, também insistiu muito para ir. Insistiu tanto que sua mãe a mandou com a babá, sem ao menos marcar consulta. Coincidiu que o paciente da hora havia acabado de desmarcar e pude ouví-la. Desenhou um barco com pessoas dentro e me disse, com muita seriedade: -" O barco está sem capitão!!!!"
É claro que chamei os pais para uma conversa depois dessa "deixa."..
Sempre,
numa clinica, está em jogo, a relação de transferência que é uma relação de confiança estabelecida entre terapeuta e paciente. Este é um amor que abre
portas e precisa ser bem manejado, para ser usado a favor do processo de cura.
Estar no lugar de quem quer ouvir e colocar nosso desejo de curador no caminho
certo do que possa ser chamada cura, abre a porta para o amor de transferência, muito facilmente
manifestado pela criança. Nossas intervenções passam a ser muito mais bem
aceitas e cria-se um estado de confiança também com os pais que ficam mais à vontade e confessam
com mais entrega seus desejos e conflitos íntimos. A clínica com a criança
passa pelos pais, mas é preciso ter um espaço de exclusividade para uma conversa apenas com ela, em separado
dos pais. Tenho ouvido jovens que foram meus pacientes quando criança, dizerem do tanto que era bom ir para a consulta e que sentiam como se estivessem numa espécie de EMBAIXADA DA CRIANÇA.
Tenho o hábito de pedir à criança que me fale sobre seu desenho e anoto o que diz, com suas palavras. Ao perguntar-lhe o que desenhou, na maioria das vezes sou surpreendida com respostas inéditas.
Este foi o desenho do dia em que esta menininha de 3 anos insistiu para ser atendida:
Tenho o hábito de pedir à criança que me fale sobre seu desenho e anoto o que diz, com suas palavras. Ao perguntar-lhe o que desenhou, na maioria das vezes sou surpreendida com respostas inéditas.
Este foi o desenho do dia em que esta menininha de 3 anos insistiu para ser atendida:
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